Convocatoria experiências pedagógicas

 

El día 2 de julio se realizó el III Foro sobre la Investigación y la Enseñanza de la Lengua Portuguesa y la Cultura de Brasil en la Región del NOA que tuvo lugar en la Facultad de Humanidades de la Universidad Nacional de Salta. La participación de la Asociación Argentina de Profesores de Portugués en el evento ha permitido que nos interioricemos sobre la realidad de la enseñanza del portugués lengua extranjera en dicha región.

Estamos muy contentos por los resultados obtenidos y por las propuestas surgidas en el Foro que ya están encaminadas y que les haremos llegar próximamente.

Queremos aprovechar la oportunidad para resaltar el trabajo que los docentes norteños están realizando, muchas veces en condiciones bastante desfavorables, y consideramos que es muy importante hacerlo conocer. De la misma manera, creemos que compartir experiencias pedagógicas a nivel nacional es una manera insoslayable de enriquecernos, de elaborar documentos de valiosa utilidad, fundamentales para reflexionar sobre las diversas problemáticas que propone la enseñanza de la lengua portuguesa y la cultura de Brasil así como sobre su proyección en el futuro.

Por este motivo convocamos a todos los docentes de PLE de todo el país a relatar sus diversas experiencias pedagógicas que sin duda servirán a ampliar la visión de los profesores en cuanto a los diferentes marcos en que se da la situación de enseñanza aprendizaje y las estrategias novedosas con que se la haya encarado.

Es en este momento histórico en que debemos unir fuerzas y tratar de hacer conocer nuestro trabajo a nivel nacional para lograr que la enseñanza de las lenguas extranjeras, en el marco de una política plurilingüe, sea una realidad en pos de la democratización educativa. Sabemos que esta todavía no es suficientemente equitativa y nosotros, desde nuestra función, podemos trabajar para avanzar en la construcción de un sistema educativo que facilite la igualdad de oportunidades para todos los habitantes del país.

Los interesados pueden enviar a aapportugues@gmail.com su experiencia pedagógica con un máximo de 1000 palabras, título, nombre del autor e institución de pertenencia.

 

Comisión Directiva

Asociación Argentina de

Profesores de Portugués

 

Mensagem do professor Francisco Gomes de Matos

Caros  colegas  da  AAPP,

Ao cumprimentar  vocês, desejando continuado sucesso em sua importante missão linguocultural, anexo um breve texto de  minha autoria, sobre duas dimensões do ensino de Português: ENSINAR BEM e ENSINAR PARA O  BEM.

Abraço ensolarado de

Francisco Gomes de Matos,
Professor Emérito,Universidade Federal  de Pernambuco,
Recife, Brasil

 

Agradecemos ao professor Francisco Gomes de Matos o seu apoio e o seu texto, inestimável contribuição para os professores de PLE da Argentina que permite inaugurar esta seção.


Experiências pedagógicas

ENSINAR PORTUGUÊS BEM E PARA O BEM: PRINCÍPIOS E PRÁTICAS - Francisco Gomes de Matos

Ao ministrar cursos de especialização em Lingüística Aplicada ao Ensino de Português (Língua materna e estrangeira), costumo provocar os alunos, afirmando que essa prática pedagógica ocorre em um contínuo que se estende do Ensinar Bem ao Ensinar para o Bem. Imediatamente apresento-lhes uma quadrinha, aqui reproduzida:

 

Em sua relevante profissão de Português ensinar

de duas maneiras você deverá aos alunos ajudar:

a primeira, Português bem, como saber usar

a segunda, Português para o bem, como cultivar

 

É nessa perspectiva bidimensional da Pedagogia do Português que desenvolvo este artigo, destinado à formação de atuais e futuros professores. A primeira dimensão será apresentada por meio de reflexões sobre dois conceitos-chave: a Correção e a Adequação linguísticas. A segunda dimensão será exposta através dos conceitos-chave de Direitos humanos e Paz Comunicativa. Como síntese antecipadora dos comentários, introduzirei, cada um dos conceitos-chave, com uma quadrinha, pois acredito nos benefícios cognitivos advindos desse uso poético da língua portuguesa.

 

Ensinar Português BEM

 

Primeiro conceito-chave: Correção

 

O conceito de Correção você vai precisar aplicar

para um domínio de convenções aos alunos assegurar

fortalecendo a confiança no saber as palavras grafar

e orientando os usuários quanto às regras do concordar

 

A quadrinha acima chama atenção para a importância pedagógica do Ensinar o que é Correto. Para isso, professores e alunos discutem suas percepções do que considerariam Português Correto e por quê.

Intimamente ligado à Correção está o conceito de Convenção: forma ou convenção cujo uso é considerado padrão, exemplar. Para isso, existem os dicionários, gramáticas escolares e manuais de estilo (de redação, como são chamados no Brasil).

No caso, o imenso desafio que se apresenta a quem quer ensinar Português Bem refere-se a que tipos de convenções priorizar, em sala de aula, quando, como por quê.

Essa decisão resultará, em parte, do nível de aprendizagem em que estiverem os alunos -- na Pedagogia de PLE, por exemplo: principiante, intermediário e adiantado (avançado, para usar outra variante) -- e, por outro, nas convicções ou crenças do(a) docente quanto a Convenções indispensáveis para um uso responsável do Português tanto falado quanto escrito.

Quando trabalhei no Curso de Português para Estrangeiros oferecido no Centro de Artes e Comunicação, Universidade Federal de Pernambuco, costumava motivar os estudantes a investirem no conhecimento de convenções referentes à pluralização de substantivos. Assim, além de desafiá-los a descobrirem e a formularem as "regras" para formação do plural, incentivava-os a compilarem listas exemplificativas da variação sufixal. Na interação com os aprendentes, logo percebi que não tinham costume de recorrer a listas sistematizadoras de informação gramatical. Recordo uma dessas experiências: desafiava a turma a construir uma lista dos substantivos terminados em AÇÃO, com os respectivos plurais. Eis alguns: ação, nação, informação, interação, explicação, obrigação, organização, participação,... Muitos mais há. Continue a enumerAÇÃO,

caro(a) leitor(a).

Recordo também, o desafiadoríssimo momento em que precisei motivar a turma face às convenções da concordância entre Sujeito e Verbo. Como partir da generalização de que o verbo concorda com o sujeito em número e pessoa? Que convenções selecionar nesta área sujeita a tanta variação? O bom senso gramatical do(a) professor(a) deve prevalecer e levar à aplicação de um princípio humanizador: Pensemos primeiro em nossos alunos como usuários do Português. Assim, nesse espírito, podemos conciliar a necessidade de ensinar algumas convenções a serem respeitadas e efetivamente usadas e a desejabilidade de exercer-se o direito linguístico de fazer opções, quando estas existirem.

Em suma, o Ensinar Português Bem pressupõe um conhecimento das principais convenções sobre usos corretos ou padrão, nos diversos componentes integrantes da línguas: a pronúncia, a gramática, o vocabulário, para usar terminologia acessível. Após partilhar essas reflexões sobre a responsabilidade do ensinar convenções, passarei a uma idéia complementar.

 

Segundo conceito-chave: Adequação

 

O conceito de Adequação você também irá trabalhar

para que os alunos, sensíveis fiquem, ao contextualizar

e, dentre as opções lexicais, sintáticas, saibam selecionar

para, responsavelmente, bem saberem se comunicar

 

A quadrinha acima objetiva focalizar a atenção para a adequação comunicativa do que falamos ou escrevemos ou sinalizamos (caso do uso de uma língua de sinais). Esse conceito-chave, encontrado na literatura da Linguística, veio humanizar a Pedagogia de línguas, pois saber observar convenções é necessário, mas insuficiente para usar-se uma língua com flexibilidade e criatividade.A esta altura você, caro(a) leitor(a) poderá estar se indagando:

Como aplicar esse conceito de Adequação em sala de aula?

Recordo, em meus convívios com professores de Português na Faculdade Frassinetti do Recife, que recorri à estratégia do propor, à turma, a produção de um teste sobre variantes de uso. Forneci alguns rótulos de uso -- português falado informal, português falado formal, português escrito informal, português escrito formal – e pedi que aplicassem, em suas Escolas, mini-testes de identificação desses níveis de variação. Após uma semana, os participantes apresentavam os resultados obtidos, com as reações dos alunos sobre estas maneiras alternativas de usar o português:

 

A gente pode estudar aqui mesmo

Podemos estudar aqui mesmo

 

(a) Se poderia questionar a veracidade da informação dada pela imprensa?

(b) Poder-se-ia questionar a veracidade da informação dada pela imprensa?

 

Outros exemplos podem ser encontrados em Gomes de Matos (2008), mas o(a) leitor(a) tem plena competência para construir pares ou trios de variantes para inclusão em testes que, para os lingüistas, são chamados de Identificação ou aceitabilidade de alternativas expressionais ou comunicativas.

Ao concluir esta seção, pergunto: Como tratamos a Adequação em nossas Salas de aula –quer Português língua materna, quer língua estrangeira? Sabemos conciliar as duas tradições, a do Ensinar o que é correto e a do Ensinar o que é adequado? Uma das maiores lições que aprendi, ao orientar policiais militares sobre a variação nos usos do Português foi a de que a maneira de explicar tradicional –Isto é correto ou certo;aquilo é incorreto ou errado – pode ser complementada com outro modo de explicar,mais abrangente:

Isto é errado na situação x ou no contexto y; aquilo é certo na situação do tipo x ou do contexto y. Ao tomarem conhecimento de que eu estava propondo ampliar-se o alcance das regras normativas, os alunos sentiam que eu não estava querendo que desaprendessem as regras normativas, mas que as tornassem mais realistas. Esse tipo de mudança de atitude constitui um dos maiores desafios para quem ensina Português. Se em vez de usuários perguntarem

Isto está correto ou certo, indagarem

Isto está correto ou certo onde e quando?

a Pedagogia estará dando um passo rumo a outra dimensão, a que chamo de humanizadora.

 

Ensinar Português para o Bem

 

Primeiro conceito-chave: Direitos Humanos

 

Como primeira estratégia, Direitos Humanos considerar

em todos os momentos do ensino, saber humanizar

desde o apresentar, explicar, até o complexo avaliar

os direitos-deveres dos alunos aprendamos a aplicar

 

A quadrinha acima reflete minha convicção de que professores de línguas são também “humanizadores”, i.e., pessoas imbuídas dos ideais de direitos humanos, justiça, paz e dignidade, pessoas que aplicam esses valores fundamentais em suas (inter)ações. Foi com essa filosofia pedagógica que desenvolvi uma Pedagogia da Positividade (Gomes de Matos,1996). Uma das atividades postas em prática em oficinas para Professores de Português diz respeito ao Direito, que deveriam ter os alunos, de aprender a usar o idioma de maneira positiva, construtiva. Assim, asseguraríamos aos educandos seu direito de aprender a selecionar e a usar um vocabulário promotor do Bem, nas relações interpessoais. Como requisito para a consecução desse direito está o direito de saber sistematizar o vocabulário positivamente. Na Tradição pedagógica, costuma-se pedir aos alunos que produzam sinônimos, antônimos, formas aumentativas, diminutivas, omitindo-se o que é mais vital, comunicativamente: saber usar substantivos, adjetivos e verbos com os quais podemos transmitir idéias positivas. Um desafio que recomendo a professores: criem listas dessas palavras, sob a ótica da positividade, com a devida contextualiação. Ao fazê-lo, como tarefa grupal, os professores percebem que a dimensão humanizadora tem ficado ausente das aplicações da semântica em sala de aula. Eis alguns dos substantivos positivos em –ADE: amizade, bondade, caridade, criatividade, dignidade, efetividade, honestidade, humildade, hospitalidade, identidade, integridade, jovialidade, lealdade, nacionalidade,.... Adjetivos positivos há muitos. Exemplifico: atencioso(a), calmo, carinhoso(a), delicado(a), bem-humorado(a), democrático, feliz, fecundo(a), harmonioso(a), pacífico(a), probo(a),...

A lista de verbos pode ser bem extensa. Para exemplificar, selecionei verbos referentes a ações docentes positivas em sala de aula: acolher, animar, aplaudir, apoiar, auxiliar, incentivar,... Que outros verbos o(a) leitor(a) acrescentaria? Como exerce sua missão humanizadora, ao dialogar ou ao promover o diálogo em classe?

Além de precisar cultivar um repertório lexical positivo, de você espera-se também um domínio fraseológico.

Com sentido positivo, que fraseologias costuma aplicar? Sugiro que organize suas fraseologias positivas em tópicos, por exemplo: Fraseologia incentivadora, Fraseologia desafiadora (como propor atividades mais criativas), Fraseologia Cooperativa, Fraseologia promotora da alegria, do riso, da informalidade,...

Em Gomes de Matos (2002), você irá encontrar exemplos de direitos Gramaticais (o direito de ser gramaticalmente confiante), direitos e deveres Semânticos, direitos e deveres interculturais. Esta dimensão da Pedagogia de línguas poderia ser objeto de atenção sistemática em cursos de formação de professores, para que nós, como educadores e nossos educandos conscientizemo-nos de nossos direitos e nossas responsabilidades pedagógicas, lingüísticas, intra e interculturais, além das humanizadoras, como venho preconizando desde a formulação de um apelo em favor de uma Declaração Universal de Direitos Linguísticos (Gomes de Matos,1984).

 

Segundo conceito-chave: Paz Comunicativa

 

Em seguida, uma missão que seu trabalho irá elevar:

a Paz Comunicativa, com seus alunos você vai partilhar

o vocabulário e a fraseologia, aprenderão a dignificar

e assim, o Ensino de Português você saberá sempre honrar

 

Desde que cunhei o conceito-termo de Paz Comunicativa no início da década de 90 (busque-se, no Google, Linguística da Paz: uma experiência brasileira), estou mais e mais engajado em ajudar a construir uma maneira humanizadora de aplicar a Linguìstica.

Várias técnicas promotoras do Comunicar para o Bem venho usando em encontros com professores e em publicações diversas, no Brasil e no exterior. Pelas limitações de espaço, optei por exemplificar uma das estratégias que gosto de CRIativar, nos convívios com professores de português: a aliteração humanizadora.Trata-se de um uso do conhecido processo aliterativo – tão magistralmente aplicado por poetas -- com o propósito de criar mensagens concisas e memoráveis, pelo caráter humanizador de que estão revestidas.

Você pode ajudar seus alunos a comunicarem-se para o BEM, desafiando-os a cri-alarem  aliterações que revelem imaginação humanizadora. Ao iniciar esse tipo de CRIatividade, costumo escrever no quadro (ou, nesta era de notáveis avanços tecnológicos,desenhar na lousa eletrônica...) a aliteração PENSEMOS PRIMEIRO EM NOSSO PRÓXIMO LINGUÍSTICO. Essa mensagem aliterativa traduz a intenção primordial de quem prega e pratica a Paz Comunicativa.

Agora, exemplifico dois tipos de aliteração: (I) dirigida aos alunos e (II) dirigida a si, como professor(a)

 

Aliterações destinadas à conscientização dos alunos:

 

BBB - Busquem o Bem e a Bondade

 

CCC – Comuniquem-se compassiva e cooperativamente

 

DDD – Dignifiquem seu diálogo diariamente

 

EEE – Encarem seus erros como esforços não-eficazes

 

I I I - Invistam na inovação intertextual

 

R R R – Redijam com realismo e relevância

 

Outras letras estão à espera de sua criatividade lingüístico-humanizadora, caro(a) leitor.

 

Aliterações destinadas ao seu auto-controle ou monitoramento:

 

AAA - Aproximar-me de meus alunos como amigos

 

CCC - Corrigir com o coração (para humanizar a avaliação do desempenho estudantil)

 

HHH – Humanizar, com humildade e bom-humor

 

OOO - Oferecer opções ousadas (de leituras, pesquisas, etc)

 

PPP- Planejar minha pedagogia com paciência

 

TTT – Trabalhar textos como traduções intra ou interlinguísticas

 

VVV - Verificar os valores veiculados em meu vocabulário

 

VVV – Valorizar as variedades (de Português) e as variantes (de pronúncia, sintáticas, semânticas)

 

As duas enumerações estão à espera de SUAS contribuições. Sugiro que, espírito cooperativo, você e seus colegas, co-responsáveis pela Educação em Língua Portuguesa, reúnam-se e, humanizadoramente, construam uma lista de aliterações norteadoras de suas ações, decisões, participações .Verão como aprendemos muito coletivamente.

 

Bom, poderia continuar

 

mas por aqui vou ficar

 

Você é capaz de navegar

 

 e o PORTUGUêS humanizar

 

 

Que a PAZ COMUNICATIVA fique com você e seus alunos.

 

Bibliografia

 

Gomes de Matos, F. (1984) A plea for a language rights declaration. FIPLV World News, April, p.2

Gomes de Matos, F. (1984) Por uma declaração dos direitos lingüísticos individuais.

Petrópolis: Revista Cultura Vozes, Março. Primeiras tipologias de Direitos Linguísticos em português.

Gomes de Matos, F. (1996) Pedagogia da Positividade. Comunicação construtiva em Português. Recife:Editora da Universidade Federal de Pernambuco

Gomes de Matos, F. (2002).Comunicar para o Bem.Rumo à Paz comunicativa.São Paulo: Editora Ave Maria

Gomes de Matos, F. (2008) Atualizando um teste sobre variantes de uso do Português,in Ricardo Cavaliere(org) Entrelaços.Entre textos.Miscelânea em homenagem a Evanildo Bechara. Rio de

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